sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Conhecer a verdade implica também em admitir realidades!!!

O Mito da Caverna.

O Mito da Caverna narrado por Platão no livro VII do Republica é, talvez, uma das mais poderosas metáforas imaginadas pela filosofia, em qualquer tempo, para descrever a situação geral em que se encontra a humanidade. Para o filósofo, todos nós estamos condenados a ver sombras a nossa frente e tomá-las como verdadeiras. Essa poderosa crítica à condição dos homens, escrita há quase 2500 anos atrás, inspirou e ainda inspira inúmeras reflexões pelos tempos a fora. A mais recente delas é o livro de José Saramago A Caverna.

A Condição Humana.

Platão viu a maioria da humanidade condenada a uma infeliz condição. Imaginou (no Livro VII de A República, um diálogo escrito entre 380-370 a.C.) todos presos desde a infância no fundo de uma caverna, imobilizados, obrigados pelas correntes que os atavam a olharem sempre a parede em frente. O que veriam então? Supondo a seguir que existissem algumas pessoas, uns prisioneiros, carregando para lá para cá, sobre suas cabeças, estatuetas de homens, de animais, vasos, bacias e outros vasilhames, por detrás do muro onde os demais estavam encadeados, havendo ainda uma escassa iluminação vindo do fundo do subterrâneo, disse que os habitantes daquele triste lugar só poderiam enxergar o bruxuleio das sombras daqueles objetos, surgindo e se desfazendo diante deles. Era assim que viviam os homens, concluiu ele. Acreditavam que as imagens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, tomando o espectro pela realidade. A sua existência era, pois inteiramente dominada pela ignorância (agnóia).

Libertando-se dos grilhões.

Se por um acaso, segue Platão na sua narrativa, alguém resolvesse libertar um daqueles pobres diabos da sua pesarosa ignorância e o levasse ainda que arrastado para longe daquela caverna, o que poderia então lhe suceder? Num primeiro momento, chegando do lado de fora, ele nada enxergaria, ofuscado pela extrema luminosidade do exuberante Hélio, o Sol, que tudo pode, que tudo provê e vê. Mas, depois, aclimatado, ele iria desvendando aos poucos, como se fosse alguém que lentamente recuperasse a visão, as manchas, as imagens, e, finalmente, uma infinidade outra de objetos maravilhosos que o cercavam. Assim, ainda estupefato, ele se depararia com a existência de um outro mundo, totalmente oposto ao do subterrâneo em que fora criado. O universo da ciência (gnose) e o do conhecimento (episteme), por inteiro, se escancarava perante ele, podendo então vislumbrar e embevecer-se com o mundo das formas perfeitas.

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, disse Jesus de Nazaré. Conhecer a verdade implica também em admitir realidades, e a admissão da realidade é o primeiro passo para que tal realidade seja mudada.

Em Jesus de Nazaré vive-se este projeto absoluto de libertação; posto que as religiões criam novas-velhas cavernas que impossibilitam o ser humano de ser humano. O cristianismo institucional é uma caverna que aprisiona. Deus em Jesus de Nazaré não criou os evangélicos; todavia expôs o Evangelho cheio de graça e de verdade para que víssemos sua glória!!!

Pense nisso!!!

Paulinho Almeida.

Um comentário:

  1. Então!!!
    Como é mesmo esse negócio de sair da caverna?
    Será que temos mesmo a noção do desconcerto que acontece em nossa vida quando começamos a nos remexer na cadeira, acorrentados e protegidos em nossa zona de conforto? E quando saímos lá fora e ficamos cegos pela luz da Sol, da verdade que sempre intuímos mas achavamos que estavamos loucos. Lembro de Paulo, treis dias cego pela forte luz que o encontro no caminho. Fico impressionado como essas estorias falam de verdades tão profundas. Grande abraço.

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