segunda-feira, 29 de outubro de 2012

VERDADE!!!

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Carlos Drummond de Andrade.

Conhecer a verdade implica em admitir realidades.

O poema de Carlos Drummond de Andrade é um convite à humildade e à comunhão. Comunhão não existe sem humildade. E sem as duas, não existe experiência da verdade. A verdade a gente não sabe. A verdade a gente vive quando ela se apropria da gente. A verdade não é coisa da razão, resultado da reflexão. A verdade é soma de corações e não de cabeças. A verdade é coisa fugidia, que não se deixa prender na gaiola dos raciocínios, não cai nas armadilhas dos pensamentos. A verdade é isso, a gente experimenta, saboreia, se delicia, mas não fica com ela como quem tem posse, pois a verdade é maior do que nós. Em cada um de nós só cabe meia verdade. E a gente tenta fazer uma verdade inteira juntando as partes e ficando com elas, como quem rouba do outro a metade que está com ele, pra depois a gente ficar dono da verdade. Mas a verdade não participa desse jogo.

O jogo da verdade não é soma, é partilha. Não é brincadeira onde quem tem mais meias verdades ganha. É mais como uma dança aonde a beleza e o alumbramento vêm no par, ou até mesmo na roda, aonde as mãos e braços vão se encontrando e se despedindo, até que todo mundo na roda vive a verdade, e brinca com ela cada vez que os braços se entrelaçam e as mãos se acariciam. No fim da noite, quando cada um vai para casa descansar, a verdade também se recolhe, para que no dia seguinte todo mundo se precise novamente. Assim a humildade e a comunhão cuidam da verdade.

Na dança da verdade, meia verdade é verdade com limite, é verdade incompleta, dizendo para todo mundo que as idéias são menos importantes que as pessoas. Quem não consegue entrar na roda e quer espreitar para colecionar fragmentos de verdade, imaginando ser possível ficar dono da verdade e viver tomando conta da verdade, de fato, não vive com a verdade, mas com o capricho, a ilusão ou a miopia. Porque prefere as idéias às gentes, fica com a mentira, porque a verdade é uma pessoa e não um conceito.

A verdade é uma pessoa, que gosta de brincar, de rir e de chorar. A verdade é uma pessoa que se dá a conhecer na comunhão dos humildes: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”, disse a verdade inteira aos que tinham consigo apenas meias verdades.

Ed René Kivitz.

Paulinho Almeida.
Tempo de Vida.
29.10.2.012.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

DITADURA DA FELICIDADE!!!

Hoje é sexta feira, dia de espantar a "manganga" que a semana insistiu nos empurrar goela a baixo; dia em que se mascara a dor e todos cantam...

Cerveja
Leonardo

Hoje é sexta-feira
Chega de canseira
Nada de tristeza
Pega uma cerveja
Põe na minha mesa

Hoje é sexta-feira
Traga mais cerveja
Tô de saco cheio
Tô prá lá do meio
Da minha cabeça

Chega de aluguel
Chega de patrão
O coração no céu
E o sol no coração
Prá tanta solidão
Cerveja cerveja cerveja cerveja cerveja
Cerveja.

Todavia, porém, contudo a segunda feira vem aí e todos novamente viverão as DORES DA VIDA nova-mente!!!

Há que se perguntar. Quais são estas dores?

1. Dor Moral, 2.Dor Emocional, 3. Dor Cultural, 4. Dor Social e 5. Dor Existencial.

Por Dor Moral se entende as vivências aflitivas, ambíguas, contraditórias, dialéticas dilaceradoras da interioridade humana, é a cisão entre o querer e o fazer. Por Dor Moral podemos entender como a crise da insatisfação pessoal, cobrança que surge permanentemente dentro de nós e que é advinda da projeção do bem que sabemos existir e da opção esquisita em fazer o que não gostaríamos que fosse consecutado, realizado e, sem que, às vezes saibamos como, fazemos. Dor Moral é a tortura psicológica de afligirmos a nós mesmos, onde nos convertemos em algozes pessoais, com punições e sentimentos de baixo-estima que emergem todas as vezes que sucumbimos e nos sentimos derrotados pela projeção elevada que tínhamos feito a nosso respeito e a terrível constatação que o mais forte em nós é o não-ser-projetado, ou, por uma questão de ênfase da idéia, é o que Paulo chama de ser-o-que-não-quer-ser, “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço”. A Dor Moral gera em nós a compulsão do negativo.

Dor Emocional é o registro, o arquivamento, a catalogação das impressões externas, das vivências contraditórias, das informações que chegam e grudam, colam, se alojam no mais profundo do nosso psiquismo, gerando a partir das sensações sentidas, o trágico sentimento de baixa-estima, que é sem sombra de dúvida, a porta que abre para o horizonte da desumanização. Dor Emocional tem haver com palavras que foram faladas de maneira destrutiva, achatadora, agressiva, cuja finalidade era diminuir e despotencializar o valor da pessoa. Palavras que foram ditas para gerar o sentimento de inferioridade, de ausência de dignidade, de luto da individualidade, engravidando a pessoa com toda a sorte de complexos, de neurose e psicose, de paranóias que vão abrindo caminho para psicossomatização, onde se dá o parto de doenças que desequilibram por completo qualquer projeto de saúde humana. Em função disto, para que se evite esta ocnose emocional, costuma-se optar por três coisinhas que, ao invés de serem libertadoras, sufocam e asfixiam ainda mais o lado emotivo da pessoa, embora, no anseio de se ver livre da Dor Emocional, não perceba que a fuga só faz adoecer e ferir mais o já tão doente cosmo psicológico.

A primeira coisa é ficar cética, não crer mais em nada, como se a ausência de qualquer projeto de credibilidade para com quem quer que seja, fosse a alternativa mais viável e razoável que exista. A segunda é ficar cínica, não levar mais nada a sério, fazer do deboche o tema das relações, abortando os vínculos de sentimentalidade, vivendo um ensaio de coisificação, fazendo piada dos sentimentos alheios, contagiando o mundo de um cinismo mortífero, dizendo que, se tudo acaba em Dor, que se danem os outros, que amarguem, que apodreçam e que não mais apodreça eu. Em terceiro e último, a pessoa cai num circulo vegetativo de vida, supondo que esteja vivendo, sem perceber que parou que se estagnou, porque, quem não enfrenta a vida com o coração na mão, não sabe e jamais saberá o que é a vida. No fim de tudo, só sobra à frase que vi em um muro em Brasília e que sintetiza a morte de todos os referenciais, da negação do sentido, do enterro dos absolutos. A frase dizia assim: “é, eu num sei não... eu só sei... que sei lá!!!”.

Também podemos encontrar entre nós, a Dor Cultural e que nem sempre é tratada em hospital, e não é levada a sério em clínica alguma; posto de saúde não atende ninguém com este mal e, como não poderia deixar de ser, não faz parte de estatística oficial, tendo em vista que não se trata de caso clínico. A Dor Cultural está grudada ao fato da pessoa viver frustrada porque não consegue ser o que gostaria de ser pra ela mesma. “Ninguém sonha em ser ninguém, todos sonham em ser alguém”. A Dor Cultural se acentua na necessidade de ter intérprete de tudo que acontece no teatro da vida. Dor Cultural tem haver com a utilização do silêncio, quando, no peito, o que existe é vontade de falar, de gritar, de opinar, de legitimar o que está pensando ou sentindo, o silêncio neste caso não é tática de sabedoria, e, sim, fuga do ridículo, do medo da mediocridade, de ser motivo de riso, de piada pelos que sabem decifrar as variáveis da história.
Dor Cultural pulsa aí. Na escassez de legitimidade do que se é e do que se pensa, na falta de representatividade pessoal, na opinião que ninguém escuta, na leitura que ninguém leva a sério, na consideração que não passa de equívoco, sendo que o vazio cultural o descredencia a falar, sobrando, então, o escape imposto pelo silêncio, barbárie que já foi cometida no período da escravização brasileira e que volta a se repetir no aqui e agora que vivemos.
O que quero deixar pra você é que a Dor Cultural produz condicionamento de espaço, imperativiza o limite, corta pontes, cerca caminho, obstrui projeto, levanta muro e determina posição na vida. Sem dúvida alguma, gera muita dívida, se constitui num grave impedimento à verdadeira humanização e descoberta do valor pessoal e da história.

A Dor Social diferente da Dor Cultural tem o espinho de não ser o que gostaria de ser para o outro. Como ninguém vive só pra si mesmo, embora às vezes exista gente tentando se ilhar; necessitamos de relacionamentos com os outros, precisamos sair de nós mesmos e irmos ao encontro dos outros, fazer com o que nosso eu descubra e se envolva com o tu que, também é um eu, e juntos, celebremos o encontro, deixando que nossa individualidade vire sociedade humana.
A sociedade humana é feita, urdida e tecida antropológicamente, assim. Sou a soma de cada eu, mais cada tu, mais um ele, acontecendo o fenômeno do singular se deixar pluralizar, tendo como resultante de todos os encontros, o nascimento dos nós.
A constituição genética e psicológica do homem sente falta do outro, seja em que lugar for do mundo e em que cultura se encontrar. O ser humano é potencialmente carência do outro e o outro, carência de mim. Por isso é que se fala de encontro, porque, se eu não for, o outro vêm e se o outro não vir, eu vou. Só que normalmente o encontro se dá “indo”.
Nós somos procura e somos, concomitantemente caça. Nós procuramos e, de forma idêntica somos procurados. E a vida é construída de encontro, embora exista tanto desencontro na vida, lembrando Willian Shakeaspeare, que foi lembrado por Vinícius de Moraes. O encontro é que dá beleza a tudo, colore todas as coisas, faz do mundo um jardim, transforma um dia normal em dia excepcional, data vulgar em data de celebração. Coisa que muitos não tem. Liberdade social.

A última Dor que quero chamá-lo a pensar comigo, é a Dor Existencial, sendo que na minha óptica, no meu jeito de ler a vida, é a que mais dói, fere e faz o homem gemer.
A Dor Existencial é o resultado de todas as outras, é a soma total de tudo que foi falado. Se não existisse a Dor Moral, Emocional, Cultural e Social, não haveria Dor Existencial, lembrando que o existencial não existe por si só, mas faz parte de um conjunto, está ligado ao todo da vida, sendo que tudo é o estrutural, no caso a vida, e a parte, o conjuntural, que no caso é o existencial.
Até pouco tempo não se falava do existencial no mundo. Quase tudo era do “espiritual”, do sagrado, do transcendente, do sobrenatural, onde as questões levantadas eram normalmente respondidas por teólogos ou religiosos. Todavia, não significa que não existia. A idéia do “existencial” começou no século XIX e, agora, é tratada com tanta ou mais ênfase do que o “espiritual”.
A questão do existencial começou com Sören Kierkgaard, teólogo e filosofo dinamarquês (1.813-1.855), filho de pastor protestante, que trabalhou exaustivamente a tese de que viver é o desespero do homem, sendo acompanhado por outros, principalmente Sartre, o existencialismo ateu.
Para Kierkgaard a vida é horizontalizada, o objeto da própria reflexão filosófica na sua existência concreta, sempre definida nos termos do limite, do finito, do instante estanque, e pelo fato de “já” não possuir ou ser portador de umas essências abstratas, espirituais e universais, é o responsável direto por perguntar e ele mesmo responder os grandes temas da vida, consciente de que é um ser sozinho-no-mundo, o “ser-em-situação”, e, quando percebe que as perguntas são múltiplas e as respostas mínimas, vive a angústia de não-ser, porque a pergunta surge do interior do limite e algumas respostas só podem vir do mundo exterior, mundo-não-limite, não condicionado e, fazendo com que ele, mundo exterior deixe de existir, fica a pergunta totalmente sem resposta.

Seres humanos normais sentem na pela a Dor Existencial...

Muita gente tem um conceito distorcido de felicidade. O mais comum é vê-la como ausência completa de dor e como uma seqüência de momentos nos quais a pessoa se sente bem. É fácil preencher a vida com uma série de episódios efêmeros de bem-estar, como sair com os amigos ou beber uma cerveja gelada. São diversões que podem trazer satisfação momentânea, mas na manhã seguinte a vida não estará melhor e não haverá como evitar que aconteçam coisas ruins. Todos sabemos que um dia vamos morrer, todos nós lembramos da perda de um amigo querido, de algum erro que cometemos, de dramas, traições ou doenças. A diferença entre o homem e outras criaturas está na capacidade que ele tem de usar suas habilidades cognitivas para remoer os erros e infortúnios do passado e temer as incertezas do futuro. Por isso o normal é sentir dor e sofrer.

"As artimanhas que usamos para escapar da aflição nos desviam de nossos objetivos de vida. E é por eles que vale a pena viver". (Steven Hayes).

Paulinho Almeida.
Tempo de Vida.
26.10.2.012.

ASA DIREITA DE ADÃO!!!

Que costela direita nada...
Definitivamente Eva foi feita da asa direita de Adão.

Mulheres com asas são fortes, mas caem. São persistentes, mas desanimam. São audaciosas, mas desistem. E são assim porque são mulheres e porque seu ritmo é ondulatório. As mulheres são criticadas por serem instáveis, mas reduzir o que acontece com elas a este mero estigma não parece justo. Há muito mais por trás da psique de uma mulher. 

Mulheres "Correm com os lobos", 
falam cerca de 21 mil palavras ao dia...
Amamentam, armazenam energias, consolam choro de desmame dos filhos, fazem amor com seus homens, etc, etc, etc...

E o que dizer de Maria?

Ela voou como águia nas alturas, realizou o sonho encantado do Criador emprestando seu útero para gestação da mais perfeita criatura - Jesus de Nazaré, seu filho.

Depois de tudo isso ainda viu seu filho morrer a morte de cruz...
Voou, prostrada diante da cruz, chorou sua morte, mas não se exasperou, pelo contrário esperou o terceiro dia...

Reencontro marcado, voou de novo um novo voo, RESSURREIÇÃO.

N'Ele ela novamente foi tirada da asa direita...
Por isso elas voam...

Os pássaros sentem inveja das mulheres, elas voam mais que qualquer ser criado!!!

Os homens que o digam...

Suas asas aliviam a dor...

À minha "Asa Morena" Ana Cristhina.

Paulinho Almeida.
Tempo de Vida.
25.10.2.012.

ENGOLINDO CAMELOS E COANDO MOSQUITOS!!!

A religião às vezes nos faz engolir um camelo e coar um mosquito

"Guias cegos! Vocês coam um mosquito e engolem um camelo." (Jesus de Nazaré, em Mateus 23. 24. NVI).

É interessante observar como Jesus era implacável com os fariseus e saduceus, ou seja, a classe religiosa da época. Mas ao mesmo tempo, Jesus conversava bem com os cobradores de impostos, (que eram ladrões), as prostitutas, os endemoninhados e todo “mundo que não prestav
a”. Aliás, Jesus tinha péssimas companhias. Agora, quando Jesus se deparava com um fariseu a coisa ficava feia. O capítulo 23 de Mateus é enorme, com 39 versículos, mas é inteiramente um sermão de Cristo contra os fariseus.

Todo fariseu tinha o costume de coar a água potável com um pano “para ter certeza de não engolir um mosquitinho, considerado o menor ser vivo impuro”, enquanto isso engolia camelos, simbologicamente, com grandes pecados. Tanto a mosca como o camelo eram considerados animais imundos pelos judeus. O camelo era o maior dos animais ditos impuros. Com a força dessa analogia Jesus desmascara a hipocrisia. É interessante que a frase soa como trocadilho no original aramaico, que era a língua popular na Palestina: “Vós coais um qamla e engolis um gamla”.

Não só Jesus, mas os profetas no Velho Testamento condenavam a religiosidade ritualista que prezava tantos detalhes e esquecia do essencial. Malaquias é um exemplo desse combate. E é sempre assim: os que prezam detalhes acabam legalistas, como lembra H. L. Ellison:

Uma coisa é se sou muito rigoroso comigo mesmo por causa do testemunho do Espírito em mim. Se, por outro lado, eu decido que preciso observar tudo que encontro nas Escrituras, por menor que seja, a experiência mostra que eu me torno cada vez mais legalista nas minhas exigências para com os outros e cada vez mais cego para as verdadeiras exigências de Deus para comigo mesmo.

Daí nasce toda sorte de hipocrisia e falso moralismo. Todos nós temos um tanto de hipocrisia. Falamos muito e praticamos pouco, quando deveríamos falar menos e agir mais. Jesus é intolerante com santidade fingida. É melhor ser um sincero pecador do que um falso moralista. É um dever agir corretamente não somente com o mosquito, mas também nunca ser profano com o camelo.

É possível obedecer uma regra e desobedecer sua essência. É possível ser fiel à lei e matar o espírito dela. É possível pagar o dízimo sobre tudo e desprezar o necessitado. É possível se vestir decentemente e ainda assim ser o pior dos maliciosos. É possível ser um fervoroso evangelista e ainda assim bater na mulher. É possível coar o mosquito e engolir o camelo. Evitar pequenos erros enquanto comentemos grandes encrencas de nada adiantará.

Neste sentido, acho que Glória Peres com o seu "Salve Jorge" está mais à caminha da JUSTIFICAÇÃO EM JESUS DE NAZARÉ do que muitos "evangélicos" Timocratas que são egoístas, exclusivistas e tem um gosto incontrolável pela riqueza!!!

TIMOCRACIA = Egoísmo, exclusivismo, gosto pela riqueza.!!!

Paulinho Almeida.
Tempo de Vida.
24.10.2.012.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O BENEFÍCIO DA SOLIDÃO.

A solidão em determinados períodos da vida da gente é uma benção. Trocar os amigos pela cama e um livro, trocar a confraternização por uma garrafa de vinho comprada especialmente para si mesmo, tentar se entender, assimilar as próprias angústias, dores e, dormir.Dormir muitas vezes mal, acordar à noite, se virar, pensar, repensar, colocar as idéias no lugar, sentir falta, saudade de algo e tentar superar algum mal estar.

A solidão nos ajuda a compree
nder o bem e o mal de ser nós mesmos. O homem nasceu para se entender na solidão e viver em comunhão. Momentos de solidão são necessários e especiais a vida inteira, ouvir o silêncio, ouvir o próprio coração e seu pulsar sempre serão atos salutares.

Mas, para quem sai de uma relação sofrida, para quem teve uma série de sonhos, planos e desejos frustrados, por mais que no início se tente o convívio afoito com inúmeras pessoas é a solidão que ajuda na cicatrização das feridas, até ele ficar bom, um pouco mais marcadinho, mas recuperado para se expor à vida, romances e suas intempéries novamente.

Ler, pensar, escrever, quem sabe colocar no papel a dor sentida, a frustração e seus motivos, o que era esperado, o que, de fato ocorreu, o que se deseja da vida, talvez seja uma boa forma de aprender, de se fortificar, de crescer. Vestir preto e rezar não adianta nada nunca, a força vem do pensamento, e pensa melhor quem pensa sozinho, ainda que acompanhado de um bom livro.

Falo em ficar sozinho, sem falsas companhias, sem "amores-de-faz-de-conta", sem cobertor descartável para corpo e cama, ficar só, fazer o tradicional mea culpa, sofrer pelo que ainda há para sofrer, assimilar a perda do que não tem volta, ou a volta do que se pode retornar de forma diferente são benefícios de bons momentos de solidão, nos quais, quem entra jamais sai o mesmo: Sai mais rico em essência, embora externamente sozinho, sai um pouco mais completo e menos vazio por dentro.

Cláudia de Marchi.




Postado em 11.10.2.012.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

ANSEIOS!!!

Quero a leveza da PAZ...
A consistência do AMOR...
A ligeireza da ALEGRIA...
A conscientização da DOR...
A clareza do PENSAR...
A certeza da FÉ...
A liberdade do VENTO...
O mistério do SABOR...
A simplicidade do SABER...
E O ETERNO VIVER...

Paulinho Almeida.
Tempo de Vida.
10.10.2.012.

UM NOVO TEMPO, APESAR DOS PERIGOS.

(Lucas. 12:22-34).

O Sermão do monte é a ousada PROPOSTA de Jesus de Nazaré em ser-mãos que se propõe a moldar, a transformar homens simples em cidadãos do Reino de Deus. Mahatmah Gandy dizia que o cristianismo não precisava de toda bíblia para produzir transformações significativas no mundo; bastava aos discípulos de Jesus de Nazaré observar as “bem aventuranças”. Ora, gerar transformações significativas no mundo é pré-suposto de um novo t
empo, apesar dos perigos. O pano de fundo histórico onde se tece o desafio de gerar um novo tempo é marcado pela pressão política romana, pela pressão filosófica grega e pela pressão religiosa hebraica. Como se não bastasse, a mente dos 12 homens chamados por Jesus de Nazaré estavam impregnadas de revanchismo; no inconsciente coletivo hebraico pairava a necessidade urgente de um libertador político, filosófico e religioso, posto que a pressão tinha essa tríade. A grande proposta do evangelho não é gerar mudanças estruturais, é sim e a acima de tudo gerar “Um Novo Tempo, Apesar dos Perigos”. Vem comigo, vejamos quais os desafios que demandam o Novo tempo.

1. No Novo Tempo, Faz-se Necessário a Reprogramação da Mente Para Ousar Novos Sonhos e Alçar Novos Vôos.

A mente humana é viciada em consumismo. Esta insanidade não é privilégio da geração pós-moderna. Este vírus do consumismo nos afetou desde o Éden quando o fruto do conhecimento do bem e do mal engravidou Adão e Eva da síndrome da divindade. A síndrome da divindade leva o homem a pensar que o alimento é mais do que a vida. O álibi usado pela serpente foi este, “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”. (Gn. 3:5). Não obstante, “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu”. (Gn. 3:6). Nestes dois pequeninos textos está inserido a palavra comer quatro vezes pressupondo que o homem sofre do consumismo desde útero Edênico. Isto dá-nos a entender que a supervalorização do alimento faz sucumbir à escala de valores da vida dando ensejo de que o alimento é superior à vida. Não seria esta a razão de termos hoje uma crescente população de obesos mirins no universo? Consequentemente, após ter comido o fruto do conhecimento do bem e do mal o homem se percebe nu. “Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si”. Nasce aqui à necessidade da vestimenta, e o vestir se torna mais importante que o próprio corpo. Expressões culturais das mais antigas na história da humanidade são estas duas coisas, comer e vestir. Estas duas necessidades básicas geram no homem ânsias incontroláveis que eu chamo de síndrome da divindade. Quem muito tem quer manter o que tem para não perder o que já conquistou. Quem nada tem luta para ter o que não tem vislumbrando em quem já tem o modelo para uma vida melhor e feliz. Estes dois estereótipos perdem a possibilidade de ousar, sonhar novos sonhos e alçar novos vôos, sendo que o primeiro resume toda a vida no aqui e agora vivendo o drama dos vermes de Camões que ao serem questionados porque roíam os livros responderam: “Não sabemos apenas roemos”. Este tipo de ser humano perde a possibilidade de sonhar com uma sociedade mais justa, menos egoísta, mais solidária. Vivendo assim, nasce um narcisismo divinizado onde o que importa não é o bem estar comunitário e sim o bem estar solitário do amontoamento dos bens pessoais. Quando isto acontece nasce as diferenças de classes; surge então, o segundo estereótipo como quem diz: “se ele tem logo eu também posso ter”. E se este não consegue ter o que o outro tem usa-se a forma mais fácil para se adquirir o objeto “sonhado”; o roubo. Assim nasce uma geração sem ousar novos sonhos e alçar novos vôos. Para que ousemos novos sonhos e alcemos novos vôos é preciso reprogramar nossa mente. O grande desafio de Jesus de Nazaré com o seu pequenino rebanho era levá-los a fazer leitura certa do tempo do espaço e da história. Em Jesus de Nazaré os últimos são os primeiros, reina quem serve, ganha quem ousar perder, vive quem morre. O segredo do Reino de Deus não era destronar Cezar, sobrepujá-lo as mesmas “armadilhas da noite escura” que era a espoliação e a escravatura; não, o segredo do Reino de Deus não era trocar a situação pela oposição, situação e oposição são coisas da democracia, posto que situação e oposição são apenas lados diferentes da mesma moeda. O segredo do Reino de Deus, da teocracia, era gerar uma terceira via; Homens capazes de reverter situações com as mentes reprogramadas para “vender suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”. (Atos 2:45). A comunidade dos discípulos nasce, vive e sobrevive do ousar novos sonhos e alçar novos vôos; sem depender do estado ou de influências de pistolões. Os discípulos viviam do sopro do Espírito e o Espírito leva a gente a valorizar a vida!!! “Porque a vida é mais do que alimento, e o corpo, mais do que as vestes”. (v.23). Quem pensa assim reprogramou sua mente pela palavra desafiadora do evangelho. A palavra desafiadora do evangelho pontua que projeto significativo e de mudança constante nasce, vive e permanece sob o signo da cruz. Hoje a igreja brasileira é uma das maiores senão a maior igreja cristã do mundo; todavia, vemos muita ortodoxia e pouca ortopraxia. Isto introduz o consumismo no seio da igreja, e como não poderia deixar de ser, nasce uma fé utilitarista. Cremos mais em um Deus que tudo faz (comer e vestir) do que em um Deus que tudo “É”. Um Deus que tudo “É”, faz a gente sonhar com a vida, “porque a vida é mais”... Se a vida é mais, porque quebrar a cana esmagada, porque apagar a pavio que fumega, porque apedrejar a mulher adúltera, porque judeu não conversa com samaritano. Porque tanto dinheiro gasto com programa de televisão? Porque o mundo gira em torno do meu umbigo denominacional? Porque os resultados são mais valorizados que a cura da alma? Porque o carisma vale mais que o caráter? Porque o espírito do poder vale mais que o poder do Espírito? Você já parou pra pensar nisso? Se não, “Pare e pense”. (que saudade). “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”. (Mt. 11:28-30). Para que haja reprogramação da mente urge restaurar a mensagem da cruz. Não existe reprogramação da mente sem sacrifício, sem perder coisas aparentemente conquistadas. A popularidade de Jesus de Nazaré aparentemente conquistada por ele (pelo menos no inconsciente coletivo hebraico e em especial dos doze discípulos) se perde no advento da cruz. Isto porque a cruz era símbolo de vergonha, de desprezo, de maldição. Na época de Jesus esta expressão figurada era compreensível de imediato a qualquer pessoa, pois todos podiam contemplar livremente as peculiaridades da pena da crucificação. Diferente de outras formas de execução, a crucificação era aplicada quando se queria tirar do criminoso não só sua vida, mas também a sua honra, quando se queria expô-lo ao desprezo absoluto e à aniquilação moral. Esta era a intenção também com o próprio Jesus: “Era necessário que [...] sofresse muitas coisas e fosse rejeitado”. Tanto para judeus como para os romanos a morte na cruz era uma morte vergonhosa, que equivalia à excomunhão. Deste modo, a carta aos Hebreus liga à crucificação de Jesus de Nazaré expressões como “expondo-o a ignomínia” (Hb. 6:6), “o opróbrio de Cristo” (Hb. 11:26), “sofreu fora da porta” (Hb. 13:12) e “levando o seu vitupério” (Hb. 13:13). O escárnio, porém, não principiava somente na cruz (Hb. 15:29,31), mas já desabava sobre a cabeça do condenado assim que este colocava o pé na rua, com a viga transversal sobre os ombros, diante da população que uivava. Ele já podia ser considerado morto e, enquanto cambaleava sob o peso da viga pelo corredor polonês da multidão, qualquer pessoa podia castigá-lo com um golpe ou um pontapé, cuspir ou jogar sujeira nele ou amaldiçoá-lo (Joaquim Jeremias teologia, p 232). Veja o que a bíblia diz acerca dessas coisas: “Quem não toma sua cruz e vem após mim não é digno de mim”. (Mt. 10:38). “Fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus”. (Atos 14:22). O reino de Deus se constrói assim, o sonho de Deus é vislumbrar a morte de Jesus de Nazaré em favor do mundo inteiro em todos os tempos, por isso o cordeiro de Deus fora morto antes da fundação do mundo (I Pedro 1:19,20). Há aqui uma ironia, a vida na perspectiva divina “é vida que nasce da morte, é vida que traz o perdão, é muito mais que uma religião, é Cristo morando na gente!!! O sonho de Deus é que sua igreja, sua amada siga o mesmo plano agendado por Ele; plano este que fez Jesus de Nazaré vencer todo antropocentrismo, todo ego sob o signo da cruz. “Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas, sonho que sonha junto é uma realidade”. “a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação”. (II Cor. 5:19). convocando, provocando e evocando, homens e mulheres que queiram viver um novo tempo, apesar dos perigos. Hoje é dia de reprogramar nossa mente para ousar novos sonhos e alçar novos vôos!!!

2. No Novo Tempo, Precisamos Lidar Com as Variações da Alma.

A alma é um complexo de surpresas, é ela responsável pelo registro, o arquivamento, a catalogação das impressões externas, das vivências contraditórias, das informações que chegam e grudam, colam, se alojam no mais profundo do nosso psiquismo, gerando a partir das sensações sentidas, o trágico sentimento de baixa-estima, de ansiedade, que é sem sombra de dúvida, a porta que abre para o horizonte da desumanização. O que Jesus de Nazaré está querendo dizer quando pontua pra gente “Não andar ansioso por coisa alguma”. (v.22) é que precisamos lidar com as variações da alma. Quando não relacionamos bem com as variações da alma, somos carregados por estas variações como folha seca ao vento. A alma é como o filho pródigo, quer o prazer sem fazer se quer nenhum sacrifício. Posto o desafio de ser “bem aventurado” na vida, vem a reboque também os desafios, as demandas, os sacrifícios, sem os quais não se pode desenvolver o reino de Deus. Tais desafios mexem com nossas emoções, espremem nossa essência, tira o nosso substrato. Quando isso acontece nossa alma começa a tergiversar, claudicar, mancar entre querer fazer o bem e não conseguir fazê-lo, querer não fazer o mal e acaba fazendo; exatamente por causa dessas variações que não pedem licença para dominar a sede dos sentimentos, levando-nos a exclamar, “miserável homem que sou quem me livrará do corpo dessa morte?” Jesus de Nazaré ironiza quando diz que as nossas necessidades por mais que sejam legítimas não conseguem acrescentar quarenta centímetros (côvado) ao curso da vida, ou seja, não podem nos fazer “andar...” [...]. Andar é necessidade básica, todavia andar ansioso por alguma coisa tira o nosso foco, embaça nossa visão, violenta nossos sonhos, e faz adoecer a esperança. Andar ansioso faz-nos presa fácil das inquietações. Percebo no ceio da igreja certa inquietação, a busca por muita quantidade e pouca qualidade, muita ação e pouca unção, muito carisma e pouco caráter; muito cargo e pouco encargo; até porque, o que sempre fez a igreja caminhar foi o avesso do que citamos acima. As características da igreja deveria ser aquelas citadas no ensinamento de Jesus de Nazaré. Antes de tudo, qualidade depois quantidade, unção depois ação, caráter depois carisma, encargo depois o cargo. Quando os valores são mudados nascem às inquietações, e toda inquietação não passa de andar em círculos, alguma coisa parecida com quarenta anos andando no deserto. As variações da alma precisam estar sendo bem monitorada por aqueles que pretendem andar lado a lado com Jesus de Nazaré, e esta monitoração tem haver com auto-conhecimento. No novo tempo, apesar dos perigos, o auto-conhecimento surge da entrega sem reservas ao projeto do reino de Deus; entregar-se sem reserva não é função do Espírito Santo e sim de todos os que aceitaram o desafio de buscar primeiro o reino de Deus e sua justiça. “E não vos entregueis as inquietações”. (v.29). Que a nossa inquietação seja esta: “Se viver, viverei para o Reino e se morrer, morrerei para o Reino!”. Este tipo de vida faz-nos lidar melhor com as variações da alma!!!

3. No Novo Tempo, Nossa Esperança Deve Ser Bem Maior que a Vingança.

Várias conquistas das classes dominadas na história da humanidade nasceram da vingança e não da esperança. Diferente desta máxima, Jesus de Nazaré propõe que a implantação do Reino de Deus não deveria jamais partir da vingança. Por esta razão ensina o mestre que deveríamos “amar nosso inimigo e orar pelos que nos perseguem”; quando isto começa a acontecer é porque a esperança começou a dilatar nosso coração, sensibilizando nossa alma; dando-nos a entender que até o maior inimigo carrega na sua interioridade potencialidade amigável, posto que pela oração tudo possa mudar! O mesmo acontece com quem nos persegue, pressupondo que o perseguidor um dia caminhará lado a lado com o perseguido. Quem ver a vida com estas perspectivas, com certeza está gestante da esperança. É preciso pedir ao Pai que faça a esperança abrir as asas sobre nós, alçar vôos rumo ao novo tempo, apesar dos perigos. Quando andarmos sob o signo da esperança, mudanças significativas acontecerão na familia que é a célula mater da sociedade; maridos poderosos chefões se transformarão em cavalheiros, esposas tiranas se transformarão em verdadeiras Amélias voluntariamente, filhos rabugentos serão parceiros incontestes do bem estar familiar, pais encrenqueiros deixarão de suscitar ira aos seus filhos. O que de fato quero jogar pra dentro da sua alma, é que toda transformação começa dentro de casa. Perceba que toda violência nos grandes centros urbanos no mundo inteiro, nasce exatamente do sentimento de vingança que é fruto da violência sofrida dentro da própria casa. Faz-se necessário debruçarmos ante o trono de Deus e pedirmos urgentemente, “venha a nós o teu Reino”. O Reino de Deus manifestado quebra o revanchismo anula os preconceitos, abole a violência, expõe as diferenças, manieta a vingança e acima de tudo engravida nossa alma de esperança, e a alma grávida de esperança é certo que dará a luz um novo tempo, tempo este que será marcado pela flexibilidade, onde se anda a segunda milha, ou seja, mais do que o exigido. Neste tempo a extravagância no amor sempre estará superando a possibilidade do ódio mostrar sua carranca, sua careta. Os discípulos de Jesus de Nazaré teriam que administrar bem suas emoções, pois por mero capricho queriam mandar fogo para destruir uma cidade inteira de samaritanos, por causa de uma pequena oposição a eles (Lucas 9:51-56). Imagina se eles pudessem pegar Herodes, Cezar e outros; na esquina? Não é assim que nos sentimos quando aparentemente nossa autoridade é contestada, quando nosso projeto é interrompido, quando esposas resistem aos maridos, quando maridos mandam e desmandam nas esposas, quando nossa liberdade de expressão é caçada, quando a ditadura tenta destruir a democracia, quando a oposição confronta a situação? No Reino de Deus, o Rei não é verdugo porque ama os súditos, os súditos não são servos porque foram chamados a ser amigos e amigos sabem os segredos do amigo. Perceba que nesta perspectiva, todas as coisas nos foram acrescentadas. O interessante é que estas coisas acontecem do particular para o geral. O problema está em que procuramos transformações do geral para o particular. Quando digo que o Reino flui do particular para o geral é porque o conselho fora dado antes e acima de tudo ao “pequenino rebanho” dos doze discípulos. O texto diz que o Pai se agradou em dar ao rebanhozinho e não ao rebanhão, o seu Reino. “Buscai, antes de tudo, o seu Reino e a sua justiça, e estas coisas vos serão acrescentadas”. (v.31). “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu Reino”. (v.32). Deus está esperando nosso posicionamento em relação ao novo tempo! No novo tempo nossa esperança deve ser bem maior que a vingança! No novo tempo segundo a declaração profética, “O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi. A criança de peito brincará sobre a toca da serpente, e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Isaias 11:6-9). Perceba que a voz profética decreta que as coisas antagônicas, os opostos, os contrários se atrairão, e juntos comporão o Reino no novo tempo e então, não haverá mais perigo, porque os indomáveis serão domesticados, glória a Deus. Tudo isto acontecerá quando o “pequenino rebanho” encarnar a mensagem “que ao Pai se agradou em dar-vos o seu Reino”. Que venha este novo tempo e seja banido todo o perigo!!!

4. No Novo Tempo, a Essência da Vida é a Voluntariedade e a Generosidade.

Quem vive sob o signo da escravatura não conhece o que é voluntariedade e generosidade, até porque a escravatura estupra, violenta o dom supremo que é o promotor da essência da vida. O amor é o dom supremo, e é no útero do amor que vemos nascer à voluntariedade e a generosidade. Quando declaro que voluntariedade e generosidade é a essência da vida, de fato quero dizer que voluntariedade e generosidade são como dois braços capazes de abraçar, promover cura, acariciar. Verbalizar que amamos sem transformar isto em gestos não gera nenhum tipo de mudança, não inaugura o novo tempo. Voluntariedade é disponibilidade de tempo, de bens; generosidade é a entrega deste tempo, destes bens. Estes gestos enobrecem a humanidade, leva-nos a andar de mãos dadas rumo ao novo tempo, faz-nos caminhar o caminho mais alto que o nosso, faz-nos pensar o pensamento mais alto que o nosso. “Vendei os vossos bens”, isto é imperativo e urgente. O acúmulo de bens nos desumaniza, despotencializa a solidariedade, quebra os dois braços, voluntariedade e generosidade, que deveria abraçar promover cura, acariciar; entulhando a nascente do amor, impedindo a inauguração do novo tempo. “Dai esmolas”, também é imperativo e urgente. O ato de dar esmolas deve ser muito mais do que desencargo de consciência, quando existe generosidade neste ato elevamos o ser carente ao mesmo nível do ser suprido, e assim cumprimos a máxima do evangelho, do reino de Deus. “Porque tive fome me deste de comer, tive sede me deste de beber, estava preso e foste me visitar”. A prática do evangelho deve ser exageradamente diferente da prática do estado, da política, da organização social. É necessário resgatarmos o fundamento desta prática. Às vezes colocamos a responsabilidade no governo, no estado, nos políticos e nada fazemos como igreja para mudar a diferença berrante que existe até mesmo no nosso meio. Jesus de Nazaré disse que seus discípulos seriam conhecidos no mundo pelo exercício do amor. “E nisto conhecereis que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. A igreja primitiva impactou não pela mídia, não pela propaganda, mas pela vida que vivia, pela voluntariedade e generosidade existente naquela primeira “comum unidade”. Os primeiros discípulos fizeram para eles, bolsa que não desgastaram tesouro inextinguível nos céus, aonde não chega o ladrão, nem a traça consome. O coração é o responsável por tudo que possa acontecer. É no coração que vemos o limiar do novo tempo, no coração estará o resgate da voluntariedade e da generosidade. Precisamos urgentemente colocar o coração em tudo que formos realizar para o próximo, principalmente para os menos favorecidos. “Porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc. 12:34). Tesouro é algo que contém presupostamente riquezas, bens inalienáveis; às vezes seres humanos querem transformar bens espirituais em coisas palpáveis, isto só é possível quando tocamos o outro como a nós mesmo, eis à razão exposta por Jesus de Nazaré de amarmos o próximo como a nós mesmos. Este tipo de vida está escasso, está em extinção, todavia se entregarmos nosso coração ao Pai ele vai resgatar através do seu espírito homens e mulheres que serão capazes de inaugurar o novo tempo. “Do coração procede às saídas da vida”. A tríade que revela um coração convertido e convencido de que deve fazer o bem sem olhar a quem, são reveladas em Lucas doze versos trinta e três; veja aí, “Vendei”, “daí”, “fazei”. Este é o desafio de “Um novo tempo apesar dos perigos”.

“Vendei os vossos bens e dai esmolas, fazei para vós outros, bolsas que não desgastem tesouro inextinguível nos céus, aonde não chega o ladrão, nem a traça consome”. (v.33).

“Porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. (v.34).

Conclusão.

Jesus de Nazaré trouxe ensinos preciosos acerca do que realmente devemos buscar. Servir aos outros como Ele serviu, a ponto de dar a Sua vida pela nossa salvação, é o modelo a seguir. O melhor é ser importante para Deus, gerar um novo tempo apesar dos perigos e nada mais!!!

Aplicação.

Procure um meio de servir aos outros por meio do seu testemunho pessoal. Aceite o desafio de falar do amor Divino que alcançou o seu coração. Sirva sem ser visto. Minha paixão acima da razão e lucidez tem nome: Jesus de Nazaré!!!

Por Ele viver...
Por Ele morrer...
Por Ele ressurgir...
É-ter-na-mente!!!


Paulinho Almeida
Tempo de vida
10.10.2.012.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

ANTES IDIOTA QUE INFELIZ!!!

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: “Digam o que disserem, o mal do século é a solidão”. Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, tra
balharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos “personal dance”, incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão “apenas” dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamo-nos maquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a “sentir”, só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos facebook, o número de grupos como: “Quero um amor pra vida toda!”, “Eu sou pra casar!” Até a desesperançada “Nasci pra ser sozinho!”

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, “pague mico”, saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: “Vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida”.

Antes idiota que infeliz!!!
Arnaldo Jabor.

“O que a memória ama fica e-terno”.

De mãos dadas com o Arnaldo Jabor.

Paulinho Almeida.
Tempo de Vida.
05.10.2.012.