sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Tempo Bom, Tempo de Mudança!!!
“Acalma-te, emudece!” As mesmas palavras pronunciadas por Jesus de Nazaré em Marcos 1:25, contra os demônios. Um dia, todo mal espiritual e material, será afastado dos fiéis em Cristo. (Ap. 21:3,4). Seria natural, que a Igreja oprimida por fortes perseguições, visse, nesta experiência, um paralelo com sua situação. Um barco sempre serviu de símbolo, de metáfora da Igreja na arte Cristã. No meio de tanta provocação, Jesus de Nazaré realmente está com sua Igreja, não havendo, portando, nenhuma razão para o temor, ainda que seu auxílio pareça demorar chegar. Jesus de Nazaré, nunca atrasa nenhum de seus compromissos. O sono físico de Jesus de Nazaré em plena tempestade anuncia, pronuncia e denuncia que a alma humana pode viver em constante “TEMPO BOM”, mesmo em “Tempo de Mudança”. Quando as pré-visões dos especialistas em economia, anunciar tempo de crise nas bolsas de valores, ande na Palavra de Jesus de Nazaré; quando tudo parecer que vai perecer, ouça o comando de Jesus de Nazaré: ...”Acalma-te, emudece!”. O vento se aquietou, e fez-se “TEMPO BOM
Conclusão.
Não temer o “Tempo de Mudança”, é o grande desafio para quem quer dar uma virada radical em 2.010, dar frutos é está em constante mudança. Enfim, “prossiga para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus que há
Paulinho Almeida.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
A Espiritualidade da Vergonha
Texto de Ricardo Barbosa
Na sociedade moderna, a tolerância transformou-se na maior de todas as virtudes. Aceita-se tudo, não se critica nada. O que mais me preocupa não é a capacidade de compaixão e paciência que a tolerância produz em nós, mas a ausência, cada vez maior, de valores e princípios absolutos que nos ajudam a separar o justo do injusto, o certo do errado.
O sociólogo francês Gilles Lipovetsky, em seu livro “A Sociedade Pós-Moralista”, descreve assim a tolerância na cultura moderna: “A tolerância adquire uma maior fundamentação social não tanto pelo fortalecimento da compreensão dos deveres de cada um perante o próximo, mas em razão de uma nova dimensão cultural que rejeita os grandes projetos coletivos, exaurindo de sentido o moralismo autoritário, diluindo o conteúdo das discussões ideológicas, políticas e religiosas de toda a conotação de valor absoluto, orientando cada vez mais os indivíduos rumo à sua própria meta de realização pessoal”. Ou seja, a ausência de uma consciência coletiva, a rejeição a qualquer verdade que seja absoluta e a busca pela realização pessoal geram uma forma perigosa de tolerância.
Entretanto, o perigo da rejeição a uma verdade absoluta está no fato de que ser tolerante hoje implica, necessariamente, não julgar, não ter mais critérios que separem o bem do mal, o justo do injusto; e, uma vez que não julgamos mais, poucas coisas nos chocam ou abalam e, quando o fazem, é por pouco tempo. Vivemos um estado de normalidade caótica, de paz frágil, de tranqüilidade tão relativa quanto os nossos valores.
Na oração de confissão de Daniel há uma declaração que vem se tornando cada dia mais rara entre nós: “A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, o corar de vergonha” (Dn 9.7). Isto não acontece mais. Somos demasiadamente tolerantes para “corar de vergonha”. Mesmo diante de fatos trágicos e deploráveis que vemos todos os dias, o máximo que conseguimos é uma indignação passageira. Porém, é a possibilidade de corar de vergonha que não me permite rir da corrupção, achar normal a promiscuidade, conviver naturalmente com a maldade e a mentira, ou, ainda, achar graça da injustiça.
Vivemos numa cultura que se orgulha do pecado, glamourizando-o através dos meios de comunicação, fazendo das tribunas públicas um palco de mentiras, organizando marchas para celebrá-lo, rindo da corrupção, exaltando a esperteza. E ninguém fica corado de vergonha.
Daniel contrasta, de um lado, a natureza justa de Deus e, de outro, a corrupção e a injustiça do seu povo. Ele só é capaz de fazer isto porque sua ética e moral estão ancoradas em verdades absolutas sobre as quais não pode haver tolerância. A conclusão a que ele chega é que, diante da justiça divina e do quadro trágico de um povo que se orgulha de sua maldade, o que sobra é o “corar de vergonha”.
Ele nos apresenta aqui a importância de uma vergonha saudável e essencial na preservação da dignidade humana e espiritualidade cristã. A vergonha aqui é a virtude que nos ajuda a reconhecer nossos erros, limitações, faltas e pecados porque ainda somos capazes de perceber que existe algo melhor, mais belo, mais sublime, mais nobre, mais justo, mais santo e mais humano pelo qual vale a pena lutar. A vergonha nos impõe um limite. É por isto que o caminho para o crescimento e amadurecimento passa pela capacidade de ficar corado de vergonha diante de tudo aquilo que compromete a justiça e a santidade. No caminho da santidade lidamos com o amor, verdade, bondade, justiça, beleza, entrega, doação e cuidado. A falta de vergonha nos leva a negar este caminho e optar pela mentira, manipulação, engano, falsidade, hipocrisia e violência.
“Corar de vergonha” é uma virtude que falta na experiência espiritual moderna, a virtude de olhar para o pecado que habita em nós, a mentira e o engano que residem nos porões da alma, a injustiça que se alimenta do egoísmo, a malícia que desperta os desejos mais mesquinhos, e se entristecer. Precisamos reconhecer que foram os nossos pecados que levaram o Santo Filho de Deus a sofrer a vergonha da cruz. Quando olhamos para a cruz e contemplamos nela a beleza e a pureza do amor, só nos resta “corar de vergonha”.
Aquele que nos ama, há de nos fazer corar de vergonha!!!
“Falando a verdade em amor, cresçamos em tudo, naquele que é o Cabeça, Jesus de Nazaré”. (Paulo de Tarso à Igreja de Éfeso).
Seu servo,
Paulinho Almeida.
Tempo de Vida...
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
O problema da leitura e a leitura dos problemas!!!
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
A Celebração da Conjugalidade!!!
Entre todas as coisas que Deus fez, nada tem a insustentável beleza da conjugalidade. Ela supera todos os gestos tremendamente poéticos de Deus. Nem o céu, nem a terra, nem o mar e o infinito, pode-se comparar à poesia da conjugalidade.
Salomão, que conhecia do riscado e do bordado da conjugalidade, disse que o que “mais o impressionava era o encontro de um homem com uma mulher”. É verdade, podes crer!
O encontro de um homem com uma mulher; converte-se numa coisa perturbadoramente bela, irresistivelmente lírica, superlativamente lúdica, superdimensionadamente romântica. É, enfim a própria celebração da vida.
Quando um homem encontra a mulher de sua vida, imediatamente escreve uma poesia mais ou menos assim:
Há mar à vista vou navegar
Sem te perder de vista
Vou te amar
Sem ter nenhum segredo
Mil sonhos pra contar
Meu colo,
Minha pele
Meu poema,
Meu prazer,
Meu bem querer
Meu bem!!!
Singrar todo meu corpo
Como o barco o mar
Até o por do sol festeja nosso amor
Com amor,
Com calor,
Me dê seus beijos
Meu prazer,
Meu bem querer,
Meu bem!!!
É assim que a gente fica quando descobre que a “costela” que faltava chegou em forma de poesia, de carne. É assim que pretendo ficar a cada manhã. Porque, por mais que tudo tenha cor e sabor nesta vida, nós caminhamos como-um-ser-na-direção-da-conjugalidade. E ninguém pode dizer que não. Isto é, como diria o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, o “obvio ululante”.
Quando se ama muito descobre a percepção poética que estava encoberta. Desossifica-se, descoisifica-se a solidão, pois, os opostos se encontram. A solidão tem a capacidade de matar a veia poética de qualquer ser humano, porque todo encontro se dá no meio de muita paixão, do diá-logo e da admiração com o outro supostamente afastado. Quando a gente ama muito, tudo que envolve a pessoa que por nós é amada nos envolve, senão, não é amor!!!
O belo na área da conjugalidade pode ser verificado melhor na vida daquelas coisas que formam e estruturam todo relacionamento.
A vida dialógica
O ser humano não é só um ser que sente e pensa, mas um ser que expressa e sente desejo de dividir o que sente, pensa, descobriu, absorveu e assimilou como achado pessoal, social e cultural. A palavra diálogo é híbrida, é formada pela junção de duas palavras gregas e que são diá, que significa uma proposição através de por meio de e de logos, que significa palavra.
Diálogo é, então, comunicar-se com o outro através do encontro da palavra. Diálogo significa abertura, disponibilidade, partilhar e com-partilhar a condição de ser e fazer na vida. Diálogo tem a dimensão da celebração humana. É bom poder sentar e papear abertamente, livremente, intimamente com a pessoa que gostamos e escolhemos como cúmplice de nossos sonhos e objetivos de realização humana.
Só que diálogo não significa simplesmente poder falar. É bem mais do que isto. Diálogo só se converte em verdadeiro DIÁLOGO, quando existe a consciência de certos comprometimentos entre as pessoas que estão dialogizando. Vejam quais são:
O Diálogo Moral.
Por diálogo moral se entende a comunhão que se dá entre o querer e o fazer. Diálogo moral é ter consciência do que deve fazer e conseguir fazer o que deve. É ter noção clara do que é certo e do que é errado, do bem e do mal, do que é digno e do que é indigno, do que humaniza e do que despotencializa o ser humano, é ter discernimento racional da vontade positiva e do impulso negativo, enfim, é possuir uma visão objetiva do concreto e do superficial.
Tem de existir o feed-back, o retorno, à volta, o regresso do que está sendo dito em forma de posicionamento moral. Já dizia Inácio de Antioquia que “é melhor calar e ser do que falar e não ser”.
Se uma pessoa não leva a sério o que está sendo dito, então, naturalmente, que cessa, interrompe-se todo o projeto de comunicabilidade entre as pessoas. Se toda possibilidade dialógica fica presa e engessada ao cinismo, às brincadeiras, às piadas, se não existe uma absorção pedagógica no que está sendo falado e comentado, então, opta-se pelo silêncio, tendo em vista que ele é mais rico do que a palavra que não se compromete com quem fala e porque fala.
Lembra-se daquele episódio de uma mulher que aproximou de Jesus de Nazaré e disse que “feliz tinha sido o seio que o amamentara?” Pois bem, Jesus de Nazaré mostra que todo diálogo tem e sempre terá uma implicação moral entre as pessoas que se abrem na direção da comunicação.
Ele respondeu (diálogo é o ballet da palavra, é a dança mágica do ir-e-vir da palavra) que “mais bem-aventurado era quem ouvia e praticava a Palavra que Deus falava”.
O que evidencia pra todos nós que o diálogo sempre gera um comprometimento moral e moralizante na nossa vida.
O Diálogo Social.
Todos nós, seres humanos voltados pra conjugalidade, temos uma necessidade tribal, de nos relacionarmos com pessoas do mesmo nível social, moral, cultural e espiritual.
O casamento não se limita ao “nós” criado pelo “eu” masculino e o “tu” feminino. Vai além disto, está pra lá disto. Ele precisa de se articular na direção do “ele, ela, vós, eles” formando, assim, laços sociais que permitam troca de informações e intercâmbio cultural, como, ainda, de diversão.
O casamento não cria “ilhas”. Cria, isto sim, pontes na construção de novas e positivas relações humanas. Casamento que se fecha socialmente, que estabelece uma visão hermética fechada pros outros, tende a guetificar-se, perder-se na areia movediça da mesmice e de uma monotonia cancerígena.
Uma conjugalidade dividida, repartida, fragmentada pelo fechamento social; inexoravelmente, promove o caos social, pois caminha rumo ao isolamento social. A sobrevivência relacional, dialogal, e cultural com os outros, se dá na trama da abertura. Sem esta abertura, a vida vira um fardo insuportável.
Os padrinhos existem para que o diálogo social seja uma verdade tangível. Padrinhos significam pequenos pais, pais consorte.
O Diálogo Sexual.
De toda forma de diálogo que existe, que se encontra e experimenta-se no mundo, o diálogo sexual é o mais sublime e o mais complexo.
É sublime porque fala daquilo que mais se preserva na vida de um homem e de uma mulher, que é, a intimidade. Não se fala de intimidade pra qualquer um.
A intimidade é uma coisa que se conquista, que se ganha, que se consegue através de um caminhar-junto e de um-celebrar-em-con-junto.
É complexo por causa de todo tabu, mito, conceito e considerações erradas a respeito da sexualidade humana. Existe toda uma teia, uma rede tecida e urdida negativamente no Brasil a respeito de nossa sexualidade.
No Brasil, não existe pedagogia sexual. E o responsável por toda essa anti-pedagogia, por esse anti-diálogo, anti-informação, anti-celebração é o clero romano, com sua visão historicamente deturpada e pecaminosa desta santa e tremenda benção chamada sexo.
Até hoje enfrentamos o tabu da “maçã” no Brasil. A teologia da sexualidade humana articulada da Igreja Católica Romana é do fruto proibido, e, toda colocação que se faz é de que o sexo não é para o prazer e sim, para o dever da procriação. E isto; nem Freud explica!!!
Se ligue bem nisto, quando eu falo de diálogo sexual não estou falando somente em bater papo, conversar, fazer considerações e tecer opiniões gerais sobre sexo. É bem mais do que isto.
Quando falo em diálogo sexual penso, a priori de tudo, na capacidade de se criar uma ambiência poética e gostosamente romântica no dia-a-dia da vida. Não falo do ato em si e, sim, do te-atro que precisa ser criado para se chegar ao ato em si.
Diálogo sexual é, por mais absurdo que possa parecer e que possa chocá-lo ou chocá-la; antes de qualquer coisa, feito de gesto e não de palavra.
Diálogo sexual se constrói em torno de um dengo feito na hora do café, de chamego na saída para o trabalho, de um cafuné gesticulado na hora do almoço, de uma cócega feita na sala de televisão, do cheiro dado no pescoço no corredor da casa, de um toque clandestino no jardim, de uma piscada de olhos assim que entra no carro, de um beijo muito maluco que se manda pelo telefone, de um bilhete que se deixa na porta da geladeira, de um verso que se escreve com o baton no espelho do banheiro e por aí vai até chagar lá...
Depois, existe o diálogo silencioso de dois corpos que se encontram no diálogo mágico, místico, alquímico, da dança de corpos que musicalizam a intimidade em forma de encontro.
O Diálogo Referencial.
Por referencial se entende aquilo que se coloca como lição, exemplo, modelo, paradigma, ponto de origem e de convergimento tanto do ideal quanto do moral, pra quem está começando a difícil arte de viver e sobre-viver neste mundão tão cheio de contradições e ambigüidades.
Referencial é aquele que mostra como é e não como deveria ser. De forma que nós temos dois tipos de referenciais diante da vida e que são: Referencial da Palavra e Referencial do Gesto.
Referencial da Palavra é aquele que sempre trabalha como o pior aforisma negativista da história brasileira e, com certeza, você e eu já ouvimos muito. Ele diz assim: “Faça como eu falo, mas não faça como eu faço”.
Ele é referencial da palavra porque sabe considerar as coisas dentro de uma visão certa, correta, retilínea. Ele sabe mostrar o caminho, mas não caminha com a gente no mesmo caminho; ele sabe qual é o curso da vida, mas, na prática, tudo não passa de diz-curso. Ele é referencial da mesma forma que os escribas eram na Palestina.
Jesus de Nazaré disse que nós “deveríamos fazer e guardar tudo quanto nos dissessem, porém, não deveríamos imitá-los em suas obras; porque dizem e não fazem”. Isto está escrito em Mateus 23:3.
Por outro lado, existe o referencial do gesto. Que não fala e faz; que não tem dis-curso e sim, um per-curso. Caminha com a gente, faz chão com a gente, molha a camisa com a gente, rasga e contrai o nervo na luta pela superação de nossas fraquezas junto com a gente. Ele não aponta o caminho porque é o Caminho. Tiago de Melo diz: “Não tenho um caminho novo, o que eu tenho é um jeito novo de caminhar”. O jeito novo de caminhar apontado por Tiago de Melo é o referencial do gesto que não se torna indi-gesto, dá para degustar. Esta é também a proposta do poeta de Nazaré. Fica como Ele colocou em João 13:15, depois de lavar os pés dos discípulos. Ele disse que “Eu vos dei o exemplo para que, COMO EU VOS FIZ, façais vós também”.
Bem, no que tange a crise da família, talvez esse seja o lado que mais obstacula e prejudica a integralização de todos os que fazem parte da relação familiar.
Já dizia Carl Gustav Jung que todos nós vivemos a tensão frustrante de “ser o que não gostaria de ser”. Creio que, provavelmente, esta seja a maior frustração do ser humano. De viver uma insatisfação interior permanente pelo fato de não se sentir inteiro, integral, holístico, completo.
Por outro lado, o próprio Jung coloca que todos nós precisamos de um referencial do que É a fim de que nós comecemos uma caminhada de vir-a-ser.
Sem um referencial não se chega, não se vai a lugar nenhum. É imprescindível um modelo que nos aponte, concretamente, a realização legítima do verdadeiro ser.
O pai ocupa, como ninguém, este lugar. Ele é o primeiro espelho de nossa vida. É pra ele que começamos a olhar e a desenhar o que nós queremos ser e vamos lutar pra copiar.
O pai é, portanto, o primeiro referencial que nos chega. Durante um tempão, nossa relação vai acontecer no sentido de introjetarmos o que ele é e o que diz ser. E como não poderia deixar de ser, um dia iremos descobrir que ele é só palavra, verbalização, teoria, conjectura e nada mais do que isto.
Eu me refiro a Cristo e a igreja!!!
Paulinho Almeida.
Tempo de vida...
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Todas as Histórias do Mundo!!!
Em algum lugar está escrito, na febril e infindável produção de Borges, que todas as histórias narradas pelo homem podem ser reduzidas a quatro: a história da cidade sitiada, a história de uma viagem, a história de uma pesquisa e a história do sacrifício de um deus. Estas – segundo o cego vidente de
Creio que se possa tentar uma simplificação e reduzir todas as histórias a duas, ambas infinitas: aquela que segue um itinerário retilíneo, peremptório, previsível e planificado e aquela que segue um itinerário curvilíneo, livre, caprichoso e imprevisível.
Poderia haver um terceiro tipo, aquele circular, no qual a previsibilidade da reta e a ondulação da curva se interpenetram, como na eterna teoria do eterno retorno: o ano perfeito especulado por Platão no Timeu, no qual os sete planetas, uma vez equilibradas as suas diferentes velocidades, retornariam ao ponto de partida; os infinitos nascimentos, mortes e renascimentos descritos por Demócrito, Nietzsche e Blanqui; a repetição de ciclos semelhantes, mas não idênticos, proferida por Heráclito, com o seu mundo gerado pelo fogo e que o fogo perenemente devora.
E poderia existir ainda uma quarta história: a da linha em espiral que ao infinito se lança e do infinito redobra:
Não gosto de me deixar levar pela suave perversão dos labirintos. Prefiro entrever, nas nossas aventuras humanas, infinitas linhas retas e infinitas linhas curvas, que se alternam, se entrecruzam e se entrelaçam ao longo de toda a história secular que nos fez homens. Sempre com a esperança da quadratura do círculo.
HARD E SOFT
Em torno da dicotomia “reta e curva” sempre houve uma disputa, como na epistemologia, quanto ao dilema entre “ciência hard” e “ciência soft”, a autopoiese e a heteropoiese, o método e a sua ausência, a ordem e a desordem, o geral e o particular, o necessário e o possível, a lei e o acaso, a previsibilidade e a imprevisibilidade, a falibilidade e a infalibilidade, assim como a objetividade e a subjetividade.
Quando os termos dialéticos são assim tão conflituais, é impossível permanecer neutro. Tomem os dois maiores arquitetos deste século, Le Corbusier e Oscar Niemeyer. O primeiro é franco-suiço racionalista. Não pode deixar de ser a favor da linha reta: “A curva é cansativa, perigosa e funesta, possui um verdadeiro efeito paralisante... A estrada curva é um resultado arbitrário, fruto do acaso, do descuido, de uma ação puramente instintiva. A estrada retilínea é uma resposta a uma solicitação, é fruto de uma intervenção precisa, de um ato de vontade, um resultado atingido com plena consciência. É algo útil e belo.”
Niemeyer é brasileiro, ou melhor, mestiço, pois em suas veias conflui sangue árabe, espanhol e alemão. Eis, portanto, a sua declaração sobre o mesmo campo: “Não é o ângulo reto que me atrai e nem mesmo a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual... De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.”
A linha reta é limitada por suas próprias regras, por seus próprios binários, que a impedem de desviar. Se varia, ja não é mais reta. A linha curva, pelo contrário, passa por onde quiser, encontrando a sua razão de ser na sua própria liberdade:
Calvino confessava: “Prefiro confiar na linha reta, na esperança de continuar até o infinito e tornar-me inatingível.” Carlo Levi preferia alimentar uma esperança diversa: “Se a linha reta é a mais curta entre dois pontos fatais e inevitáveis, as divagações a prolongarão: e se essas divagações se tornam tão complexas, tão emeranhadas e tortuosas, tão rápidas que não deixam rastro, talvez a morte não nos teste mais, talvez o tempo se perca e possamos ficar ocultos nos esconderijos mutáveis.”
PRECISÃO E APROXIMAÇÃO
Assumamos a linha reta, dura e inflexível
Durante milênios, até o final do século XVIII, a humanidade viveu sob a égide da aproximação, do misterioso, do mágico, do emotivo, desarmado diante das pestes, dos raios e das invasões. Em seguida, o Iluminismo e a Industrialização descobriram e privilegiaram as forças libertadoras da razão, consentindo que se impusesse com uma tal presunção que não tardou a transformar-se em tirania.
Mas a aproximação da sociedade rural e a precisão da sociedade industrial poderiam ser tomadas
Uma vez entregue a precisão às máquinas, ainda falta recuperar muitos aspectos da aproximação, que já não será mais aquela rude e primitiva da época rural. Salvaguardados os ganhos da experiência industrial, estes devem transformar os limites em oportunidades, conjugando a competição com a generosidade (cooperação) e a lucidez racional com o calor emotivo. Os nossos netos poderão dedicar-se à estética até porque os nossos avós dedicaram-se aos negócios, segundo a sucessão já destacada por Jhon Adams: “Devo estudar a política e a guerra, para que os meus filhos tenham a possibilidade e possam assim dar aos filhos deles a possibilidade de estudar pintura, poesia, música e cerâmica”.
“
Paulinho Almeida.
Tempo de vida...
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Um Novo Tempo, Apesar dos Perigos.
O Sermão do monte é a ousada PROPOSTA de Jesus de Nazaré em ser-mãos que se propõe a moldar, a transformar homens simples em cidadãos do Reino de Deus. Mahatmah Gandy dizia que o cristianismo não precisava de toda bíblia para produzir transformações significativas no mundo; bastava aos discípulos de Jesus de Nazaré observar as “bem aventuranças”. Ora, gerar transformações significativas no mundo é pré-suposto de um novo tempo, apesar dos perigos. O pano de fundo histórico onde se tece o desafio de gerar um novo tempo é marcado pela pressão política romana, pela pressão filosófica grega e pela pressão religiosa hebraica. Como se não bastasse, a mente dos 12 homens chamados por Jesus de Nazaré estavam impregnadas de revanchismo; no inconsciente coletivo hebraico pairava a necessidade urgente de um libertador político, filosófico e religioso, posto que a pressão tinha essa tríade. A grande proposta do evangelho não é gerar mudanças estruturais, é sim e a acima de tudo gerar “Um Novo Tempo, Apesar dos Perigos”. Vem comigo, vejamos quais os desafios que demandam o Novo tempo.
No Novo Tempo, Faz-se Necessário a Reprogramação da Mente Para Ousar Novos Sonhos e Alçar Novos Vôos.
A mente humana é viciada
No Novo Tempo, Precisamos Lidar Com as Variações da Alma.