A autossabotagem e o Medo de Se Entregar!!!

Esperamos, fazemos promessas, oramos, reclamamos, sempre pedindo por alguém que pudesse acordar aquelas malditas borboletas que parecem hibernar dentro de nós. Alguém que consiga revogar a lei da gravidade, tirar nossos pés do chão e nos fazer levitar e sair por aí, flutuando pelos ares.

A sensação é conhecida. Nos envolve e rouba momentaneamente a razão e como tudo que nos tira da realidade, vai tomando conta de nós sem nos darmos conta dela.

Nos deixamos levar, mesmo sem ter certeza até onde nos levará. E então flutuamos, subimos a alturas que nunca pensamos atingir, mas quando num relance a realidade tenta nos trazer de volta, e mesmo por alguns instantes conseguimos enxergar o chão, só então nos damos conta do tamanho da queda, se um dia cairmos.

Vacilamos, voltam os medos, os receios, os traumas e então a leveza que te fez subir de repente ameaça te deixar. A insegurança te faz pensar em voltar, em não se aventurar, em voltar para onde é seguro e você tem o controle de tudo, com o chão duro e frio aos seus pés, mas longe da incerteza de voar.

Mas a sensação é viciante e nos envolve, como se nunca fosse nos deixar. Uma parte sua quer subir, quer continuar. A outra mais racional, te convida a repensar, a não se entregar.

Mas como desistir de acreditar? Como se proibir de voar? O medo de cair pode ser mais forte que a vontade de se libertar?

As quedas trazem dores, deixam machucados que se não bem tratados, não cicatrizam e ao menor sinal de perigo podem reabrir, nos fazendo reviver o que um dia tivemos que passar.

Então não devemos nos entregar? Temos escolha? Negar o sentimento nos deixa infelizes e passamos a nos fechar, mas irá mais que tudo, nos pesar, nos segurando no chão como âncoras que nos impedirão de nos libertar.

Subir é o único caminho possível. É se permitir e se entregar. E se um dia cair, que haja alguém lá embaixo para nos segurar. Se não houver, aproveite a viagem enquanto ela existir, pois são raras e lembre-se que serão essas quedas que te farão aprender a aterrissar e não se machucar.

Se permita sentir, se permita sonhar e não se esqueça de voar, afinal o sentimento será real enquanto ele durar.

Que venha 2.020!!!

Paulinho Almeida.
#TempodeVersos.
31.12.2.019.